Lobão é investigado por corrupção em construção de usina nuclear.
Correio Braziliense – A
 Operação Radioatividade, a 16ª fase da Lava-Jato que investigou 
corrupção na usina de Angra 3 e foi deflagrada terça-feira (28), abriu mais uma
 janela na apuração de suspeitas que pesam sobre o senador e ex-ministro
 das Minas e Energia Edison Lobão (PMDB-MA); o ministro do Tribunal de 
Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro; e o advogado Tiago Cedraz, 
filho do presidente do TCU, Aroldo Cedraz.
Policiais federais adiantaram que um 
grupo de investigadores que apura o caso pelo Supremo Tribunal Federal 
deve ir a Curitiba avaliar o material apreendido pelos colegas do Paraná
 em busca de provas para embasar inquéritos no STF. Os três foram 
acusados de pagamento de suborno em delação premiada pelo presidente da 
UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, mas negam as suspeitas. “Nunca recebi 
dinheiro ilegal”, disse Carreiro ontem à noite.
O caso investigado no Paraná é o mesmo 
em Brasília. A diferença é que alguns personagens têm foro privilegiado 
no STF e só podem ser alvo de inquérito na capital federal. Ontem, a PF 
prendeu o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, 
almirante da reserva acusado de receber ao menos R$ 4,5 milhões em 
propinas, para beneficiar empreiteiras em obras na usina de Angra 3. 
Também foi detido o presidente global da Andrade Gutierrez (AG), Flávio 
David Barra, e vários executivos de outras empreiteiras.
Cerca de 180 policiais cumpriram 23 
mandados de busca e apreensão de e-mails e documentos em salas de 
executivos e endereços de Othon Pinheiro. Ontem, ainda se avaliava em 
que momento os investigadores deveriam ir a Curitiba, se já ou só quando
 os relatórios de análise do material apreendido estivessem prontos, 
daqui a alguns dias ou semanas. Um investigador considerou fortes as 
provas que mostraram que o almirante recebeu dinheiro das empreiteiras 
na conta de sua empresa no mesmo período em que era presidente da 
Eletronuclear.
Para os policiais, Othon, ligado ao 
grupo do PMDB do ex-presidente José Sarney, pode acabar encurralado e 
revelar novos personagens do caso. Em março, o então presidente da 
Camargo Corrêa Dalton Avancini afirmou que as propinas atendiam ao 
partido e ao presidente da Eletronuclear. No Ministério Público, a 
expectativa é que as provas produzidas alimentem o inquérito no STF 
naturalmente. É uma via de mão dupla, avaliou uma fonte ligada às 
investigações.
Parlamentares e integrantes do governo 
se mostraram chocados ontem com a prisão do almirante Othon Pinheiro. 
Considerado um técnico extremamente qualificado e competente, ele tinha 
relações próximas com o PMDB. Um parlamentar que atua no setor 
classificou Othon como “um dos melhores quadros” da área de energia. 
“Respeitadíssimo nos foros internacionais sobre energia nuclear”, 
qualificou.
O mesmo político lembrou que Othon 
praticamente reformulou sozinho o funcionamento de Angra 3 e o projeto 
dos submarinos nucleares que estão em construção, em uma parceria dos 
governos brasileiro e francês. O militar ainda tem proximidade com o 
diretor da Eletrobras Valter Cardeal, ligado à presidente Dilma 
Rousseff.
Leia Mais »
 
 
 
 
 
 
 
 
 
