Os pontos de discórdia entre os dois envolvem seis casos, entre os quais os do ex-ministro Antônio Palocci e do senador Edson Lobão (PMDB-MA) e recursos para campanhas de 2010 (leia quadro).
Paulo Roberto disse ter autorizado Youssef a repassar R$ 2 milhões para a campanha de 2010 de Dilma Rousseff (PT), que teriam sido pedidos por Palocci.
Youssef, por sua vez, disse que não fez essa operação nem foi procurado por Palocci. O advogado do petista, José Roberto Batochio, confirma essa versão e diz que seu cliente jamais viu o doleiro.
No caso de Lobão, Paulo Roberto afirmou que ele pediu R$ 2 milhões para a campanha de Roseana Sarney ao governo do Maranhão e que a entrega do montante foi providenciada por Youssef.
O doleiro negou ter feito a operação para Roseana e levantou a hipótese de que Paulo Roberto pode ter confundido ele com outro doleiro.
Se ficar provado que um dos dois mentiu, eles podem perder benefícios, como o direito a prisão domiciliar, mas é improvável que uma divergência pontual anule o acordo de delação inteiro.
A acareação vai ocorrer em Curitiba, onde o doleiro está preso desde 17 de março do ano passado, quando foi deflagrada a Operação Lava Jato, que apura pagamento de propina em contratos da Petrobras. O inquérito sobre Lobão corre no Supremo, porque ele é senador e só pode ser investigado pela instância máxima da Justiça, enquanto a apuração sobre Palocci está em Curitiba.
O advogado de Roseana e Lobão, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, nega as acusações contra os dois e tem repetido que as delações não são confiáveis.
MEXEU, FEDEU
A acareação tornou-se uma questão polêmica depois que o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou no último dia 27 um vídeo em que o doleiro aparece falando com procuradores e um de seus advogados.
Youssef parece interessado em confrontar a sua versão com a de Paulo Roberto: “Não quer ver aquelas discrepâncias com aqueles depoimentos do Paulo Roberto?”.
Quando um procurador aborda a suposta doação pedida por Palocci, Youssef rebate: “Eu acho que o Paulo se equivocou e se os doutores acharem necessário a gente ter uma conversa juntos (…), eu estou à disposição”.
Outro procurador, cuja identidade ainda não foi descoberta, segundo a Procuradoria Geral da República, diz em seguida: “Esse é o tipo de coisa que, quanto mais mexe, pior fica”. Outra voz arremata: “É a teoria da bosta seca. Mexeu, fedeu”.
Segundo o procurador Andrey de Mendonça, que estava na sala em que o vídeo foi gravado, quem disse essa frase foi um dos advogados do doleiro, Luis Gustavo Flores. Ele não quis comentar a atribuição feita pelo procurador.
Mendonça disse na última semana que é completamente errada a impressão de que os procuradores não queiram a acareação. “Nosso objetivo é chegar à verdade”, frisou.
O advogado de Paulo Roberto, João Mestieri, diz que acareações costumam ser inócuas: “Como quase sempre acontece nesses casos, cada um sai com a sua verdade”.
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